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Hoje o telefone da minha casa tocou e era o marido da minha mãe, desesperado porque um taxista “entrou” na traseira do carro no meio da Avenida Rebouças. Eu ajudei a acalmá-lo e o orientei; no fim ele acabou apenas dolorido.

Quando eu tinha 17 anos, minha irmã pegou a irritante mania de ficar falando “Põe cinto de segurança!” mesmo quando eu estava no banco de trás. Eu queria matar essa menina. Eu até sabia que no fundo ela tinha a sua razão, que aquilo era lei e que não mudaria em nada a minha vida… Mas não obedecia! Por birra e por comodidade… Até mesmo pelo prazer de poder escolher não colocá-lo. Pura imbecilidade, afinal eu sabia dos riscos e mesmo assim fazia essa opção. Pois bem, anos depois eu passei por algumas situações que transformaram a minha forma de enxergar o trânsito e a minha própria vida.

Em plena luz do dia, no cruzamento entre a Avenida Angélica e a Rua Alagoas, um carro em alta velocidade – na pressa para ultrapassar um caminhão em uma curva fechada – entrou na contramão em direção ao meu carro. Eu estava parada no semáforo e conversando com uma amiga, rindo sobre um episódio que tinha acabado de acontecer com outros amigos, quando em frações de segundos congelamos ao avistar o carro e entender o que estava prestes a acontecer. Prendemos a respiração. Não haveria tempo para nada: desespero, lágrimas, despedidas.  E então o motorista teve o reflexo de desviar para a faixa ao nosso lado – mais na contramão ainda – que, por sorte, estava vazia. E foi embora. Sobrevivemos.

Uma outra vez eu estava de passageira no banco de trás com meu namorado e um outro casal de amigos nossos estava nos bancos da frente. Ironicamente estávamos tentando “desenterrar” os cintos de segurança traseiros para que os pusessemos… Já que estava dando bastante trabalho, acabamos iniciando a viagem mesmo assim. Duas quadras depois, o carro estava a cerca de 40km/h e acelerando quando, de repente, um pedestre (literalmente) se jogou na frente do carro – o que fez com que a freada brusca nos fizesse voar para frente. Preocupados com o pedestre, ficamos até surpresos quando ele se levantou e pediu desculpas, saindo apressadamente e visivelmente bêbado. Quem imaginaria que algo assim poderia acontecer? No meio da cidade, tão devagar… Mas aconteceu.

Eu mesma Já bati o carro: certa vez bati em um carro que bateu em outro carro, que bateu em outro carro.  Nessas horas, se algo acontecer, não fará diferença se a culpa foi minha ou não. Não seria melhor prevenir? Já entrei na contramão em labirintos paulistanos mal sinalizados e desviei de acidentes iminentes. Em alguns casos tive que me esforçar para proteger os passageiros que estavam no banco de trás – expostos, desprotegidos, vulneráveis – sem cinto de segurança. Por isso, após passar por situações como essa, ver tantos acidentes no noticiário, conhecer a legislação e por ser uma atitude tão simples não consigo mais entender a insistência na recusa em colocar esse acessório, que pode nos proteger e impedir que “o pior aconteça”. Somos vulneráveis. Carros são pura lataria, passíveis de falhas e longe de serem à prova de acidentes.

E vejam só: ao chegar em casa, o marido da minha mãe – que sempre resmunga quando me escuta dizer “Você poderia por o cinto de segurança, por favor?” e que insiste em circular por aí sem utilizá-lo, quer esteja no banco da frente ou no de trás – me disse:

– Estou super dolorido, mas graças a Deus estava com cinto de segurança. Adivinha em quem eu pensei assim que percebi que o pior não havia acontecido. Obrigado!

Podem me chamar de mãe, de chata e do que quiserem. Precisamos dar mais valor à vida.

Jogo da Vida

Vivemos reclamando. Reclamamos do frio, reclamamos de acordar cedo e reclamamos de termos muitas tarefas a fazer. Reclamamos da vida, reclamamos de ter que visitar a família, reclamamos de estar com um quilo a mais que o previsto. Reclamamos da falta de tempo. Reclamamos demais. Há tanta disposição para reclamar que esquecemos de dar valor e agradecer.

Reclamão

Estamos vivos. Existe motivo melhor para celebrar? Vamos pensar… Você está próximo das pessoas que você ama? Você tem saúde? Esqueça aquela gripezinha ou aquela dor temporária nas costas, estou falando de vitalidade, disposição e bem-estar. Se você tem tudo isso, mesmo que haja momentos de angústia e de sofrimento, é hora de repensar seus dramas e reclamações. E mesmo se você não tem algum dos itens descritos acima, pode ser que seja mais difícil, mas com certeza você tem momentos em que vale a pena investir um sorriso. Ou vários.

Viver é um desafio. Quem lembra do Jogo da Vida? “Sua tia deixou 50 gatos. Pague R$20000 para pagar os cuidados”, “Se quiserem seguro de casa pague R$10,000”, “ASSALTADO! Pague R$8.000” ou “Comprou um carro de luxo, pague R$40.000”. Cada imprevisto que surge em nossa vida é preocupante. A cada situação ruim, somos obrigados a reprogramar nossos planos e a restaurar nosso psicológico. E quando essas situações envolvem pessoas queridas, a situação complica ainda mais. Não há remédio, mas ao menos o tempo passa e ganhamos outras chances para sermos felizes.

Agora, a vida também nos faz surpresas boas. “Dia de sorte! Receba R$20.000”, “Seu filho nasceu! Receba os presentes”, “Se tiver ações, receba R$18.000” ou “Se tiver seguro de vida, receba R$60.000”. Essas situações que envolvem dinheiro são apenas ilustrativas mas será que aproveitamos tudo que podemos nesses momentos de alegria? Será que nos entregamos à felicidade da mesma forma que mergulhamos nas mágoas, no ódio e na tristeza? É importante que a resposta seja NÃO. Não porque nos doamos mais aos momentos tristes,mas NÃO porque precisamos nos doar 100% aos momentos de felicidade e evitar os momentos desfavoráveis. Precisamos nos esforçar para evitar naufrágios, precisamos ser fortes. Não há situação tão ruim que não possamos superar; não pode haver.

Afundar-nos em nossos fracassos e derrotas pode prejudicar a nossa existência como um todo ao trazer uma pesada carga de energia negativa a nossa rotina. Por isso, precisamos querer nos ajudar e ajudar aos outros, apoiar e nos deixar ser apoiados também. Ser positivo também é questão de treino, de força de vontade. Precisamos sempre nos questionar: “É tão ruim assim?”, “O que posso tirar de positivo desse aprendizado?”. E deixar-nos abraçar.

Afinal, cada um encara os obstáculos de uma maneira. Precisamos sempre resgatar nosso brilho para que esses obstáculos não pareçam ser maiores que nossas vitórias e conquistas. Nós somos (precisamos ser!) maiores que isso e mais fortes do que pensamos.

E aí que o mundo espera coisas de você. Todos com ingressos comprados, pipocas em mãos e ansiosos para que seus passos sejam seguros e previsíveis. Qualquer desvio de rota é encarado com receio pela plateia, que fica aflita e em choque e, dependendo da gravidade/impacto da escolha podem até surgir manifestações de desagrado com a expressão “eu já sabia”. Os mais indignados podem até irritar-se a ponto de pedir o dinheiro dos ingressos de volta.

Não há autorização para que sua vida seja exposta nem mesmo para que a audiência “meta o bedelho”. Mas o ser humano toma essa liberdade e julga a existência do outro como se tudo fosse muito simples, como se viver fosse simples. E não é. Uma vida jamais será igual a outra vida e, portanto, não há como estabelecer uma regra única u um padrão, apenas diretrizes – que podem ser seguidas ou não.

É ingênuo nos colocarmos no lugar do outro para prever suas atitudes. Não somos o outro, não seremos o outro. As variáveis mudam de acordo com o referencial. Por isso não insista em saber o que é “melhor” ou impor o “certo” para as pessoas e preocupe-se com a sua consciência e a sua vida. De resto, você pode ter opiniões/pontos de vista/valores e até partilhá-los com as pessoas, desde que se saiba respeitar os bilhões de lados das milhares de pessoas existentes nesse mundo tão diverso e caótico. Afinal, tudo é óbvio – desde que você saiba a resposta, ou pense que saiba.

Esteja aberto para ouvir e compreender outros pontos de vida e não para seguir cegamente seus conceitos de certo e errado. Seja mais que isso: questione, descubra. Liberte-se.

 

Liberte-se.

Somos reflexo de nossas próprias escolhas. Absorvemos o que acreditamos, as personalidades das nossas amizades, a energia do nosso trabalho, as notícias de cada dia. Vivemos sob uma imensidão de influências, que nos afetam minimamente ou imensamente, mas nos afetam; nos modificam como seres humanos.

É por isso que precisamos buscar sempre estar bem informados, com boas influências (boas = que admiremos, acreditemos) e próximos de lugares e pessoas que nos façam bem. Isso é muito importante, afinal se suas escolhas forem displicentes é muito possível que essas influências externas contribuam para comprimir seus anseios/sorrisos e massacrar sua unicidade, destruindo para sempre o que poderia ter sido uma bela história. Pense bem e trilhe um caminho no qual você se sinta bem, em que você realmente acredite. E sim, perseguindo um sonho. Ninguém deve ser considerado tolo por acreditar em algo maior, algo compatível com seus anseios. Tolo é aquele que se acomoda no mundinho ordinário em que vive, se submetendo a situações incômodas e desnecessárias. Tolo é todo aquele que prefere acreditar que está tudo bem, quando sabe que não está, em prol do sedentarismo psicológico. Não querer fazer algo por si mesmo é uma espécie de abandono, algo como uma submissão a esse mundo – que muitas vezes é cruel, injusto e monótono. Não fazer nada é… Triste.

Por isso, faça algo por si mesmo, se jogue no que você acredita e faça a diferença; ou planeje para que isso aconteça. Se você não acreditar que isso é possível, as coisas não irão acontecer e você vai continuar mastigando o mesmo chiclete sem gosto, vivendo na mesma sociedade sem graça e rendendo o seu padrão, que com certeza pode ser muito melhor aproveitado. E que tal se perguntar: estou cumprindo o meu papel na Terra?

Eu não desisto assim tão fácil meu amor,
Das coisas que eu quero fazer
E  ainda não fiz

Na vida tudo tem seu preço, seu valor
E o que eu quero  dessa vida é
Ser feliz

Eu não abro mão
Nem por você, nem por  ninguém,
Eu me desfaço dos meus planos
Quero saber bem mais
Que os  meus vinte e poucos anos

    Vinte E Poucos Anos – Fábio Jr./Raimundos

Aprende a viver bem, e bem saberás morrer.
Confúcio

Alguns acontecimentos da vida nos fazem refletir, mas outros acontecimentos nos levam quase a um estado de transe de tão profunda que se torna essa reflexão.E hoje é dia de estar imersa em pensamentos sobre a existência e a nossa razão de existir.

Com todos os crimes que insistem em permanecer como pop-ups em nossas vidas, permanecendo como manchetes em todos os noticiários de TV, rádios, jornais e revistas; como assuntos em conversas com amigos, família e vizinhos; como fantasmas permanentes em nosso cotidiano; fica difícil viver plenamente. Os crimes mudam, mas estão sempre aqui e ali – sombrios, perversos, vivos. E diante de tanto assunto mais “interessante”, de tanta rotina e stress, ficamos sempre em segundo plano, escondidos.

Quanto mais crescemos, mais nos deixamos engolir. Quanto mais responsabilidades acumulamos, mais nos damos desculpas para deixar o brilho apagar. Sabe, o brilho? Aquele que se instala em nossos olhos até a adolescência/início da juventude? Que te faz sonhar, fazer o que todos julgam impossível, transpor barreiras… Enfim, por que acabamos atropelados por todo tipo de influência externa e acabamos por nos deixar… derrotar? Às vezes acaba havendo uma luta, uma tentativa de reverter esse processo… Mas a realidade acaba sendo mais cruel, dura e fria do que pensávamos. E o (melhor) pior é: tem muita gente que sofre mais que a gente, que tem problemas muito maiores que os nossos e mesmo assim reclamamos de monte, nos martirizamos à beça. E curtir a vida que é bom, nada!

Ficamos dando desculpas para deixar de ver os amigos, para deixar programas em família para outro dia, para deixar aquele livro delícia para depois, para viajar àquele lugar que tanto queremos em prol da estabilidade financeira, para ouvir nossas músicas prediletas quando houver tempo, para nos desculparmos quando for conveniente, para nos doarmos quando houver tempo, para cuidar do corpo quando der na telha, para ajudar quando não nos atrapalhar. E deixamos para amanhã, para a próxima semana, para o ano que vem – para quando for de nosso agrado.

E a vida é muito curta para tão pouco esforço. Ou pode ser, não sabemos… Podemos viver por 130 anos com sorte e com mais alguns avanços da medicina, certo? Mas ao mesmo tempo podemos contar com contratempos, imprevistos. E podemos não ter tempo suficiente para fazermos tudo que queremos e até devemos fazer, que queremos e até devemos dizer. Por isso, faça e diga; agora, sempre… Incomensuravelmente.

best

Be the best version of you

Pés no chão

E eis que surge a incerteza e brotam os receios, em meio a tanta segurança. Faz parte do pacote da maturidade.

Desafiar-se envolve muitas vezes não só chegar ao seu limite, mas rompê-lo, transpassá-lo. E isso pode acontecer de forma suave, mas normalmente é como uma passada de trator sobre uma formiga na primeira vez. E a sensação pode acabar estampada na alma de quem é movido a emoção e até mesmo deixar cicatrizes… Mas o suor é prova de que o esforço vale a pena, apesar de também ser indício de cansaço. Estar em transição é estar em movimento, é cobrar-se e descobrir-se em seu novo papel no mundo – o que pode não ser tão fácil ou tão rápido.

Chega um momento em que qualquer escolha envolve diversas renúncias e uma gotinha de arrependimento que vem do que você terá que abdicar – repito, qualquer escolha. E eis que surge o momento em que você lota e precisa buscar uma nova fonte de energia, um recarregador. Não há mal nenhum em fazer uma pausa, “dar um break”. Ao invés de dirigir a esmo na estrada rumo à Terra do Nunca, por mais que haja pressa, pode ser melhor encostar o carro e aproveitar a vista, sentar na beira da estrada e rever a rota. O complicado vai ser constatar – de novo – que as estradas vizinhas te levarão a lugares desconhecidos e à novas descobertas mas, ao mesmo tempo, gradualmente te levarão a abandonar a sua rota antiga, porque esta não se adequa mais às suas necessidades. Isso dói um pouco, é como arrancar um adesivo que está grudado há anos numa janela. Mas precisa ser feito. E é estudando o mapa que irão surgir os novos ângulos, as possíveis variáveis, os atalhos.

Metáforas à parte, cada um tem os seus problemas – uns mais e outros menos, alguns maiores e outros menores – mas precisamos respirar, refletir e brecar um pouco para resolvê-los. Reclamar menos, porque reclamar é fácil e cômodo. O difícil é você se mobilizar para agir, é ser líder da sua própria rotina. Quem disse que viver não dava trabalho?

Nos colocamos como invencíveis e nunca imaginamos que algo catastrófico pode acontecer conosco. Crescemos assim – nos sentindo seguros, cegos e sem falar de tabus. Mas a verdade é que somos vulneráveis e que podemos favorecer a má índole de alguns indivíduos se não tomarmos o mínimo de cuidado.

Essa semana fui ameaçada pelo facebook. Um hacker invadiu o perfil de uma amiga e tentou me coagir a passar uma senha para ele. A conversa foi natural e convincente, as técnicas foram boas, mas alguns pontos me fizeram questionar se a pessoa do outro lado da tela era mesmo essa amiga. Foi aí que comecei a fazer perguntas e o desfecho foram ameaças à exposição da minha privacidade, consciência da minha vulnerabilidade e uma profunda sensação de culpa por me expor tanto nessa rede social.

A verdade é que não somos preparados para esse tipo de situação – tanto por orientação como por questões internas mesmo. Nos recusamos a acreditar que pessoas possam ser capazes de nos fazer mal, principalmente se não fizermos mal a elas. Isso vale também para outros temas críticos como violência sexual. Somos ingênuos quando crianças e perpetuamos essa cateterística até levar socos, chutes, tabefes da vida. Vemos notícias tristes, escutamos histórias de amigos de amigos e ouvimos alguns conselhos – ficamos chocados! –  mas mesmo assim continuamos dando muitas brechas, quase que chamando perigos para nós de vez em quando, de tempos em tempos. Continuamos insistindo na cegueira, como se isso fosse uma saída.

E sobre essa questão do ciclista atropelado na Av Paulista, creio que valha fazermos três observações.

1- Dirigir bêbado NÃO é uma saída. Já sabemos disso, estamos mais que cansados de saber disso, mas mesmo assim casos como esse continuam acontecendo a rodo… O que estamos esperando para pegar um táxi, um ônibus, carona ou simplesmente não beber? Espera-se responsabilidade dos motoristas – no que envolve a sua própria segurança e a vida de outras pessoas.

2- Apesar do pânico que possa passar pela nossa cabeça em casos como esse, não prestar socorro vai ser sempre a pior opção – tanto porque a pena será maior quanto pelo peso na consciência. “Se livrar dessa” é impossível.

3- Nesse caso, o ciclista foi uma vítima. Mas vejo diariamente pela cidade ciclistas que não atentam à sinalização, cruzam o sinal vermelho, e circulam em alta velocidade, desrespeitando pedestres e favorecendo situações que possam desencadear acidentes. Mesmo quando há ciclovias e ciclofaixas, o descaso é constante. Por isso, se os ciclistas desejam respeito, precisam, em primeiro lugar, merecê-lo.

Sou pedestre e motorista. Infelizmente não sou ciclista, pois não sinto-me segura para utilizar a bicicleta que tenho estacionada na garagem. Uma pena.

Precisamos crescer, “tomar juízo”. Ter números de emergência salvos e não mexer no celular no meio da rua, não usar roupas curtas demais em transportes coletivos, andar com spray de pimenta na bolsa, trocar senhas periodicamente, não expor sua vida inteira nas redes sociais, dirigir com cuidado dobrado de madrugada, atentar à questões de segurança em casas noturnas, olhar para os dois lados da rua ao atravessar a rua, usar cinto de segurança mesmo no banco de trás. Cuidados mínimos. Não somos crianças, não podemos continuar favorecendo acidentes e tragédias. Ditados como “Melhor prevenir que remediar”, “Não adianta chorar sobre o leite derramado” e “O homem prevenido vale por dois” precisam vingar já. Antes que seja tarde demais.

Pois bem, uma notícia de hoje me gerou indignação: a discussão em torno da possibilidade de proibir propaganda e oferta de brindes às crianças. Em primeiro lugar, é evidente que uma criança comum deseje coisas que não pode ter – comidas, brinquedos, doces, etc. E até certa idade, é difícil para um pai “controlar” o filho, cerqueá-lo de modo a garantir que esteja seguro e que tome decisões razoavelmente benéficas a si mesmo. A criança não se preocupa em ser saudável, mas em comer gostosuras; não se preocupa com a manipulação midiática, mas sim com seu próprio mundo paralelo da imaginação. As crianças querem fantasia, diversão, querem viver num mundo doce. E, claro, as empresas precisam lucrar com a ingenuidade.

Publicidade infantil

Crianças não têm bom senso, afinal elas não viveram para desenvolver esse tipo de raciocínio, difirenciar o bom do ruim. Se um chiclete cai no chão, a criança come. Se uma borboleta passar por um a criança, ela vai perseguí-la fervorosamente – e perigosamente -sem olhar para o chão (e pode cair por isso); se a mãe disser à criança que ela não pode colocar os dedos na tomada, a criança muito provavelmente ficará curiosa e colocará os dedos nos dois buraquinhos para ver o que acontece. Crianças são ingenuas, inexperientes e evidentemente maleáveis. E ainda por cima sofrem influências externas o tempo todo! Vejam a propaganda das tesourinhas do Mickey Mouse, citada na matéria.

Utilizando-se de crianças para aproximar-se do público-alvo intantil, a intenção do comercial fica evidente – fazer com que a criança telespectadora sinta-se excluída e “por fora” por não possuir o produto, que não é nada educativo e extremamente superficial. Por não conter muitos filtros desenvolvidos, a cabecinha da criança absorve a mensagem. E aí é que começa a brincadeira (sem graça): a criança vai desejar o produto como se aquilo fosse essencial para ela. E por mais que os pais digam que ela não precisa daquilo, que é só uma ilustração e que um a tesoura normal funciona da mesma forma e corta até melhor, não importa. Afinal, ela PRECISA daquela tesoura. Não por cortar papeis, não por encaixar perfeitamente nos seus dedinhos pequenos, mas apenas porque impuseram essa necessidade a ela.

A do McDonalds tenta, por meio de personagens que contam com grande proximidade do público infantil, induzir a compra do lanche pouco saudável (apesar de agora contar com fruta) para que receba brinquedos.

Todos da escola têm sapatos coloridos, por que eu não? Todos no clube comem chocolate. Não tem comercial de verduras, ninguém come verdura! Por que eu tenho que comer? Não quero ser o único a ler livros. O comercial de cigarros é descolado, quero fumar para ser legal e descolado. A criança da propaganda só é feliz quando está com a boneca, então eu também. Isso é ético? Uma criança moldar sua personalidade e seus anseios com base em propagandas de produtos superficiais e “da modinha”? Não se importando com o quanto isso custa ou o que isso pode desencadear? A publicidade busca, por meios perversos, que crianças e adolescentes criem tensões dentro da família, para que os pais atendam suas exigências de consumo a fim de vê-los saciados, “felizes”, mesmo que momentaneamente. Por esse motivo, a propaganda também acaba servindo como diretriz para a criança que quer “se enturmar”, que não quer sofrer bullying.

Um trecho do texto de abertura no portal PUBLICIDADE INFANTIL NÃO, um manifesto pelo fim da comunicação mercadológica dirigida ao público infantil sabiamente coloca que:

A criança é hipervulnerável. Ainda está em processo de desenvolvimento bio-físico e psíquico. Por isso, não possui a totalidade das habilidades necessárias para o desempenho de uma adequada interpretação crítica dos inúmeros apelos mercadológicos que lhe são especialmente dirigidos.

Consideramos que a publicidade de produtos e serviços dirigidos à criança deveria ser voltada aos seus pais ou responsáveis, estes sim, com condições muito mais favoráveis de análise e discernimento. Acreditamos que a utilização da criança como meio para a venda de qualquer produto ou serviço constitui prática antiética e abusiva, principalmente quando se sabe que 27 milhões de crianças brasileiras vivem em condição de miséria e dificilmente têm atendidos os desejos despertados pelo marketing.

A publicidade voltada à criança contribui para a disseminação de valores materialistas e para o aumento de problemas sociais como a obesidade infantil, erotização precoce, estresse familiar, violência pela apropriação indevida de produtos caros e alcoolismo precoce.

Acreditamos que o fim da publicidade dirigida ao público infantil será um marco importante na história de um país que quer honrar suas crianças.

E aí, nos perguntamos… Por que Alckmin vetou o projeto de lei semana passada? – “Governador vetou o PL 193/2008, que propõe a restrição da publicidade de alimentos não saudáveis dirigida às crianças entre às 6h e 21h nas rádios e TVs e a qualquer horário nas escolas”.

Quem está por trás das propagandas? E quem está sendo feito de idiota?

Protejam suas crianças.

Invista.

"Precisamos ser pacientes, mas não ao ponto de perder o desejo; devemos ser ansiosos, mas não ao ponto de não sabermos esperar"Max Lucado

“Precisamos ser pacientes, mas não ao ponto de perder o desejo; devemos ser ansiosos, mas não ao ponto de não sabermos esperar”
Max Lucado

Acho que o mal da minha geração é a ansiedade, o desespero por querer atingir os objetivos o mais rápido possível, com o mínimo de obstáculos e imprevistos. Nos descabelamos, ficamos irritados e pisamos nas pessoas – mesmo que o objetivo não esteja 100% delineado, o importante é atingí-lo.

Apesar de sermos mais atentos, práticos e multitarefas, por exemplo, quase não utilizamos essas qualidades para melhorar o nosso dia a dia. Utilizamos essas qualidade para o que nos convêm, para satisfazer nossas necessidades e desejos pessoais, mas não para evoluir, revolucionar, fazer a diferença. Me parece que a nossa geração está mais a fim de fazer o mero feijão com arroz, o bê-a-bá. E tudo de forma sucinta, sem grandes marcos, sem prolongar muito.

E nessa correria que o dia a dia nos impõe, estamos ficando meio “ocos”, falta sensibilidade.  Não estamos apreciando o trajeto, a vista e a companhia; buscamos apenas vencer, prosperar, “passar de fase”. Adiamos os investimentos em educação, pois isso demanda muito tempo. Deixamos de aprender mais na rotina de trabalho por querermos conquistar rapidamente posições de destaque. Não investimos nas pessoas, pois não temos paciência. Replicamos mensagens de amor, respeito e compaixão nas mídias sociais, mas não as aplicamos em nossas vidas… Por preguiça? Por não ser prioridade? Difícil dizer.

Vamos tomar vergonha na cara e investir mais no nosso caráter? Falar menos, fazer mais por favor.